segunda-feira, 26 de maio de 2008

Das minhas memórias vintãs

Segunda-feira de chuva, já dizia o boletim e assim foi. Mas, por momentos, o Sol levou a melhor e lá conseguiu iluminar timidamente um dos locais que mais aprecio na Lisboa que conheço. Estava curioso em ir lá. Vinha até incubando a ideia havia já alguns dias e fiquei meio aziado quando soube do seu possível cancelamento. É que do alto do Parque se tem das vistas mais belas e magistosas, Avenida fora até ao rio (e quanto a mim, em nada fica atrás da também espetacular vista do alto do Castelo). E depois, aquelas barraquinhas só podiam dar-lhe um toque especial.


Era dos primeiros (senão mesmo o primeiro a sério, depois do adiar polémico) dia da Feira do Livro (78ª, ao que parece). Ainda se desfaziam as primeiras embalagens do dia e víamos-nos obrigados a contornar alguns caixotes de cartão, repletos de livros no interior. E o cheiro dos livros (sim, os livros têm cheiro e não me venham com histórias de delírios sensoriais...). Um cheiro que pairando no ar livre tem outro gosto. Se tem. E naquele serpentear barracas fora, não consegui travar memórias (já longínquas quando enquadradas na minha vintena e uns trocos mais de existência) dessas mesmas barraquinhas plantadas à beira rio, na outrora efeméride que era também a Feira do Livro de Coimbra, em pleno Parque da Cidade. Tinha outro gosto, se tinha, aquelas barraquinhas (curioso- disseste-me tu isto noutro dia também, não foi?). Hoje, tão "sem-saborona", entediosa. Uma tristeza.

Aqui por Lisboa, ainda se lhe guarda um pouco desse encanto (te garanto), quiçá feito segredo nessa disposição geométrica das barraquinhas, no local (não sei ao certo mais em quê mas aquelas esplanadas para o café também têm o seu quê). Ainda que já não seja a mesma também, disse-me quem por cá anda há algum.


Sinais dos tempos, das Fnacs, das livrarias sem fim, megastores de livros, cds e dvds tornadas feiras "fabulásticas" todos os dias (das quais também eu sou imenso apreciador e assíduo frequentador). Mas admito que em nada, mas mesmo em nada, o conforto da oferta constante, supera a satisfação da procura desenfreada, satisfeita então apenas numa dezena de dias do ano. Com todo aquele enquadramento, capaz de me levar a outros sítios, uns bons anos atrás. É, no mínimo dos mínimos, mesmo nos dias que correm, uma iniciativa que urge em revitalizar, por ser tão só (e pelo menos), a mais agradável e saudável de todas, no que diz respeito ao incentivo da leitura entre nós.

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