sábado, 28 de fevereiro de 2009

Adventismos do 7ºdia

Ao Sábado, "tem a palavra o Senhor".
A homilia de hoje pois então:

Jeff Buckley - Yard of blonde girls (live)


Through the yard, through the yard of blonde girls
through the river and the sea
gold sharks glittering
a tree of white breaks the earth
the streets where lola played
very sexy, very sexy

okay, okay
fear, we may come

so run, run, run, run, run, run, run.


Assim repetida umas boas 4 vezes.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Decussação

The National - So far around the bend
(da colectânea Dark was the night)



Nobody knows where you are living
Nobody knows where you are
You're so far around the bend.


Assim num instante, entre a vascularização do tronco cerebral e seus AVCs, no cansaço do esforço contínuo da percepção tridimensional.
Havia de se estudar Neurologia com um daqueles óculos 3D, penso às vezes.
Mais a velha benção da ignorância, sempre.

E em pleno síndrome de Wallenberg, a decussação do meu pensamento.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O meu mundo e(´) a minha janela

«How often do you find the right person?»


Num cantinho da Fábrica Braço de Prata.

(KO)isas sem sentido (11)

O Carnaval.

Para mim, nem libação religiosa (quais "dias gordos"), nem palhaço, nem máscara de Veneza, "não obrigado" à folia extrema, quase sempre tudo contado na voz estridente de um narrador com sotaque do outro lado do Atlântico.

Pura obrigação de festejar seja lá o que for. Roça a estupidez maniqueísta do Reveillon (e porque não do Dia dos Namorados também, do dia da Mãe, do Pai, do Avô, da Avó- ai não, é só um para os dois?!!, da Criança, de Plantar Árvores, da Paz no mundo, da Música, de Pisar as Listas Brancas das Passadeiras ou de Lambermos todos nós 20 selos cada um para enviarmos em correio registado e com aviso de entrega para a Antárctica?).
Excepção feita aos caretos de Podence "que-os gajos-parece-que-correm-que-sa-fartam", talvez por isso goste é do Natal que como todos nós sabemos "é quando um gajo quiser". E as iluminações vão de finais de Outubro a Janeiro. Ora há de haver ali um santo dia em que um tipo acorda com o dito espírito.
No Natal sim, aí é que há tolerância. Já o Reveillon ou o Carnaval não (não me venham com essa). Ou estás para isso ou então azar.

E mais: de samba (além da mais que evidente falta de jeito, quiçá genética desviante) já me bastam as danças do dia-a-dia.
Não obrigado.

(KO)isas (com) sentido (16)

Afinal de contas, de que é feito o "cheiro das casas" ?
(mas quem é que já não reparou nisto?)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

(KO)isas sem sentido (10)

Diz que é uma espécie de afasia.

Eu: Sr. Hermínio, então bem disposto?
Sr. Hermínio: Pois sim, de modo que...ainda bem que eles «mastra», amanhã...«porterti»...hmm, hmmm. Pois, ainda não «rurtipo».

Isto assim há já umas boas 2 semanas.
Prezam-me outras melhoras, noutros aspectos.
Há coisas que tomamos tão nossas que quando as perdemos nem contadas. Só vistas (e revistas).

domingo, 22 de fevereiro de 2009

World Press Photo 2008

Aqui.
Vale bem a pena.

Das minhas favoritas:




Dos diários dos outros

«A lua cheia recorta-se sobre o mar e cobre as ondas de reflexos prateados. Sentados numa duna, miramos o contínuo vaivém com diferentes estados de espírito: para mim, o mar sempre foi um confidente, um amigo que absorve tudo o que lhe contam sem revelar nunca o segredo confiado e que dá o melhor dos conselhos: um ruído cujo significado cada um interpreta como pode...»

in Viagem pela América, Ernesto Che Guevara

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Uma imagem vale mais do que mil covers

O cover da Last Goodbye do mestre Buckley feito pela Scarlett Johansson...

Louva-se o bom gosto musical da menina, pouco mais.
Ainda não me convenceram os seus dotes musicais.
E ao que parece não sou o único com esta opinião.

Quanto à minha avaliação da sua nova aventura musical, e socorrendo-me das imagens que ela própria já nos proporcionou no grande ecrã...

Ensaio sobre a cegueira

Manic Street Preachers - Motorcycle emptiness
(Generation Terrorists, 1992)



Culture sucks down words
Itemise loathing and feed yourself smiles
Organise your safe tribal war
Hurt maim kill and enslave the ghetto

Each day living out a lie
Life sold cheaply forever, ever, ever

Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness motorcycle emptiness

Life lies a slow suicide
Orthodox dreams and symbolic myths
From feudal serf to spender
This wonderful world of purchase power

Just like lungs sucking on air
Survivals natural as sorrow, sorrow, sorrow

Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness motorcycle emptiness

All we want from you are the kicks you´ve given us
All we want from you are the kicks you´ve given us
All we want from you are the kicks you´ve given us
All we want from you are the kicks you´ve given us

Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness motorcycle emptiness

Drive away and its the same
Everywhere death row, everyones a victim
Your joys are counterfeit
This happiness corrupt political shit

Living life like a comatose
Ego loaded and swallow, swallow, swallow

Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness motorcycle emptiness
Under neon loneliness everlasting nothingness



Relembrado aos meus ouvidos, numa vaga sensação familiar de estranheza doce.

("Como podemos sentir saudades de tempos que não vivemos?",
ecoando em mim.
Boa pergunta.)

Ao acordar um Sábado destes. Via MTVtwo.
Uma grande música e uma letra misteriosa.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Queres tu lá ver...

...que voltaram os Fleet Foxes?

Fleet Foxes - Mykonos, Sun Giant EP

Cloridrato de propranolol

Voltar a Lisboa por uns dias.
Mesmos caminhos, mesmos horários mas sentido inverso.
Novo estatuto: visitante.
Roça a crise conversiva, verdadeiro poço de dúvidas existenciais.

Ainda Darwin

A rendição/redenção dos últimos cépticos.
Ou a crónica de Pedro Mexia no Público de ontem.

Citando os mestres

«O prazer que experimentamos em ocasiões como esta desorienta a mente- se o olhar seguir o voo duma borboleta garrida fica entretanto preso numa qualquer árvore ou fruto estranhos, se observarmos um insecto a flor em que ele repousa consegue que dele nos esqueçamos...a mente é um caos de deslumbramento.»


Charles Darwin,
algures numa parede de A Evolução de Darwin

na F. Calouse Gulbenkian

«Havias me ouvir tocar piano» (2)

Michael Nyman - Debbie

Para ouvir aqui.
Se te restassem apenas 8 minutos e 16 segundos, o que farias?
Eis a minha sugestão.

Uma das 9 canções do polémico filme 9 Songs de Michael Winterbottom (2004).

Do you feel like 90s?

The Lightning seeds - Lucky you

Entre : linhas (a consequência das coisas)

Chegar ao fim de Os Cus de Judas de A.L.A. e não partilharmos daquela revolta. Deve ser impossível. Lógica causa-efeito, axiomático, pura consequência. De mestre fantocheiro.
O Chiúme, Ninda, a Baixa do Cassanje e a África que não conheço senão de relatos, de histórias de outros. Tudo no meu sofá, e eu de livro numa mão e de G3 na outra às vezes. «Cabrões».
E momentos há em quase é preciso tomar qualquer coisa para os nervos, tal o estado da «cousa».
(Foram mesmo quantos litros de chá?)

Irascível, revoltante, genial, sublime, fel mas também doce e terno, às vezes.
Como que, sem dar por nós, ali estamos em pleno campo de batalha, no acampamento rodeado de arame (brilhante a capa da edição de bolso do Grupo Leya- já agora, barato, pega-se bem e leva-se para qualquer lado- comprem!), soldado raso e porque não médico de campanha (a personagem em questão também com vinte e poucos), ocupado de cotos e tudo o mais que possa restar de minas antipessoais, dia fora.
(e eu a cantarolar Walking Away na Pequena Cirurgia do HSM...que raio de existência esta?).

E aquele pensamento angustiante e insistente, cravejado a rajada de metralhadora com que um tipo se deita: «caralho caralho caralho caralho, foda-se».
Se me lixassem por estes dias à grande, era gajo para debitar aquilo de enfiada.
O expoente máximo da genialidade do autor. Debaixo da sua caneta, sob o controlo da sua mão, sublimes, quasi-poesia, atribuindo a tamanhas palavras uma altivez que não pode constar do vulgar prontuário do calão.

Onde está o substracto da vida? a base de tudo? Onde te fazes? Que provas?
(E a quanto é que estão mesmo as olheiras, as cicatrizes, os quilos a mais, a voz tornada grave pela vida?)

«Em Mangando e Marimbanguengo, vi a miséria e a maldade da guerra, a inutilidade da guerra nos olhos de pássaros feridos dos militares, no seu desencorajamento e no seu abandono, o alferes em calções espojado pela mesa, cães vadios a lamberem restos na parada, a bandeira pendente do seu mastro idêntica a um pénis sem força, vi homens de vinte anos sentados à sombra, em silêncio, como os velhos nos parques, e disse ao furriel enfermeiro, que desinfectava o joelho com tintura, É impossível que um dia destes não tenhamos para aqui uma merdósia qualquer, porque, sabe como é, quando homens de vintes anos se sentam assim à sombra, num tão completo desamparo, algo de inesperado, e estranho, e trágico acontece sempre, até que me vieram informar do rádio Um tipo deu um tiro em Mangando, e eu corri para o carro onde a escolta me aguardava a aprontar-se ainda, e seguimos aos saltos para o norte pela picada que a chuva destruíra

E há uns dias, desarmado da minha verde espada, em qualquer coisa como isto: «é tudo muito lindo, também eu gosto muito de tudo isso mas é quando um tipo tem a barriga cheia, sabes? Eu que já passei fome vos garanto que quando a barriga está vazia, não há moral, política, filosofia, música, etc que nos valha. Nada disso nos interessa, vos garanto.»

«Já lhe aconteceu observar-se quando está sozinha e os gestos se atrapalham numa desarmonia órfã, os olhos procuram no seu reflexo uma companhia impossível, a gravata de bolas nos confere o aspecto derisório de um palhaço pobre a representar o seu número sem graça para um circo vazio?»
Já.
Menino de estantes, voyeur sequioso do sofrimento alheio, orgasmonauta da sublimação dos outros, frustrado, parasita. Um-quase-nada-ao-lado do menino do pólo branco que todos os domingos monta o seu Lucky Star para regozijo do papá, não muito menos do que o comunista de barriga cheia lendo Trotsky no seu sofá de couro de 2000 contos. «Puta que vos pariu». A todos.


Por estes dias, admito que andei meio banzado com isto tudo.
Pequenino, muito pequenino. Sem vontade de escrever, disártrico. Rindo a espaços.
Que merda é esta que para aqui vomita um gajo às vezes blogs fora? Que merda é esta agora que para aqui escrevo? Tudo muito lindo, sim senhor. Comentários a isto e àquilo, tudo opina, tudo pensa...extraordinário. Que sei eu de política?- felizmente que não a comento, ando a pensar/procurar a frase que hei de esparramar no boletim de voto nas próximas eleições- mas vou lá, que sei eu daquilo que julgo estar habilitado a fazer? quem me habilitou? quem me habilita? que sei eu daquilo que gosto quando me apercebo que o pouco que um gajo vai apreciando é uma insignificância? De que gosto eu se amanhã o gosto é outro? Que treta é essa dos gostos mudarem de 7 em 7 anos? Onde estás tu daqui a 10 já agora? que sei eu da Vida?

«O que seria de nós, não é, se fossemos de facto felizes? Já imaginou como isso nos deixaria perplexos, desarmados, mirando ansiosamente em volta em busca de uma desgraça reconfortadora, como as crianças procuram os sorrisos da família numa festa de colégio? Viu por acaso como nos assustamos se alguém, genuinamente, sem segundos pensamentos, se nos entrega, como não suportamos um afecto sincero, incondicional, sem exigência de troca?»

Regresso à normalidade interior, na certeza que há uma força motriz de muito do que se passa à nossa volta. Substracto, substracto.

«Não, a sério, a felicidade, esse estado difuso resultante da impossível convergência de paralelas de uma digestão sem azia com o egoísmo satisfeito e sem remorsos, continua a parecer-me, a mim, que pertenço à dolorosa classe dos inquietos tristes, eternamente à espera de uma explosão ou de um milagre, qualquer coisa de tão abstracto e estranho como a inocência, a justiça, a honra, conceitos grandiloquentes, profundos, e afinal vazios que a família, a escola, a catequese e o Estado me haviam solenemente impingido para melhor me domarem, para extinguirem, se assim me posso exprimir, no ovo, os meus desejos e protestos de revolta. O que os outros exigem de nós, entende, é que os não ponhamos em causa, não sacudamos as suas vidas miniaturiais calafetadas contra o desespero e a esperança, não quebremos os seus aquários de peixes surdos a flutuarem na água limosa do dia-a-dia, aclarada de viés pela lâmpada sonolenta do que chamamos virtude e que consiste apenas, se observada de perto, na ausência morna de ambições.»

Pois então que paro por uns tempos. Agora digiro- é certo, mas afigura-se-me que o próximo de A.L.A. seja mesmo a "Morte de Carlos Gardel". Ando a saltitar, sem qualquer espécie de cronofilia entre as várias obras do autor. Conto que lá para 2010 tenha lido todos (ou quase todos). Assim espero.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Snapshots

O meu cacifo lá pelo hospital e a respectiva "etiqueta" de baptismo.
Ilustrada na figura do Nemo que para mim, por si só, já diz tudo.


5 anos.

«I´m not scared».

«No, I´m not» (a ranger os dentes e de olhos esbugalhados).

domingo, 8 de fevereiro de 2009

«Havias de me ouvir tocar piano»

Jamie Cullum - High and Dry (Radiohead cover)

«Pois então parece que os dias só dão para isto»

Shou Out Louds - Impossible



Let's not fall back to sleep like we used to, do you remember?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

«I wonder how many people in this city»

Night Windows, Edward Hopper

I wonder how many people in this city
live in furnished rooms.
Late at night when I look out at the buildings
I swear I see a face in every window
looking back at me,
and when I turno away
I wonder how many go back to their desks
and write this down.


Leonard Cohen, The Spice-Box of Earth (1961)