sábado, 27 de dezembro de 2008

"Early morning" (à la abrupte) jazzs

Divinal.

Queres tu lá ver que vem na mega-colectânea "Vocal Jazz", 60 músiquinhas por 19 euros?
É, é gajo para isso, sim senhor.
Isto e muito mais.
Diz que faz muito mal aos ouvidos e ao que está entre eles
.

Sara Lazarus - Morning

«Penso nos anos como este que não existem para mim»

E na hora da despedida, o balanço. (Eu) balanço. Lugar comum.
Sabem aquela estranha sensação de podermos ter vivido o melhor ano da nossa vida?
Pois então, talvez seja isso (ainda assim, espero eu que não seja).


As descobertas, as existências ainda redomizadas, as experiências em tubo de ensaio. A comiseração do egoísmo, só possível com 24-25 anos. Antropocentrismo, como se o mundo pudesse andar à nossa volta por uns tempos. Quem sabe às vezes tenha de ser mesmo assim. Antes isso que uma vida inteira de engano para nos apercebermos mais tarde do movimento erróneo de tudo.

E a cidade. A cidade que não é de ninguém mas de todos, património comum. A cidade que é sim de quem lhe dá o devido valor, de quem fica e porque não (?) de quem a ela volta.

Os Dr. que ainda mal o são, de aspecto imberbe e de dúvidas patentes no tremelique das vozes, no nistagmo nervoso do olhar. Os medos. Os bips, os plocks, os sons esquisitos, mais os alarmes e traçados ECG dos monitores (que houve alturas em que me apeteceu mandar tudo para o caraças!!!). As poucas certezas que se vão ganhando progressivamente. Mais os tiques, os maneirismos.

As macas empoleiradas, as noites de banco sem dormir, os cafés às 4 da manhã (quase que vale a pena ficar acordado para os saborear), os "ais" e o "uis" dos mais variados timbres e tons. As piadas sobre a vida e a morte, elogio último da primeira.

Os novos amigos, os companheiros (de casa e já de sempre- obrigado, das salas de trabalho, de turno de banco, de almoço, de cacifo). Os novos fascínios, as novas admirações. "Ele é sempre assim", dizem. Os novos mestres. Os que por mais que "tentassem", nunca o chegariam a ser. E os que, às vezes por 5 minutos apenas, se tornaram em tal para sempre.
Isto tudo e mais os doentes (os verdadeiramente doentes), ali e em qualquer outra parte, ainda a razão primordial.


Entre:linhas (mais)

Na hora da despedida do HSM, a crónica mais improvável, quiçá das menos brilhantes do livro de crónicas de Pedro Mexia.
Ainda assim, e por marcar este preciso momento, a que escolhi para pôr aqui.


Santa Maria

O Hospital de Santa Maria (HSM), em Lisboa, não é exactamente um elefante branco, visto que não se trata de um edifício inútil. Eu penso nele mais como uma grande baleia branca (como no romance de Melville) ou um grande peixe que nos engole (como que engoliu Jonas ou Pinóquio). É um gigante no meio da cidade, que mesmo quem conhece não conhece inteiramente. Há uns anos passei uma «temporada no inferno» nesse gigantesco estaleiro. E ainda hoje é das minhas memórias mais vívidas, embora às vezes bastante enevoada pelo sofrimento alheio e pelos meandros dos intermináveis corredores.
Recordei de novo tudo isto por causa de uma reportagem publicada na revista Visão e assinada por Ricardo Fonseca. Grande parte do fascínio do texto está desde logo na simples enumeração numérica. O hospital de Santa Maria é uma verdadeira cidade visível e invisível. Cento e trinta mil metros quadrados, 11 pisos, 1109 camas, mais de cinco mil funcionários, 1118 médicos e 1595 enfermeiros, 18 mil pessoas que passam diariamente pelo conjunto de edifícios. Além das várias secções correspondentes às especialidades, há todo um mundo oculto, as catacumbas, que mesmo os seguranças evitam e onde às vezes se descobre gente vinda de lado nenhum. É esse lado mastodôntico e tenebroso que ainda me assombra. Uma vez atravessei o hospital para uns exames e fui vendo essas 4500 portas (pensando eu que chegava ou não chegava nunca) e 5400 janelas (que tinham ramagens e pássaros e um alto negrume noite dentro). Os corredores gigantescos . Os elevadores, apenas 16, mas cheios e pesados. E depois essa espantosa fauna de estagiários e alunos de medicina e mães chorosas e o homem cigano que se esvaiu em sangue na cama em frente da minha. E o jovem médico que discutiu Nietzsche comigo. A enfermeira de seios muito redondos e cabelos muito pretos que parecia quase feliz no meio da tristeza que no fundo não aceitava. O director que passava revista às tropas com aforismos. As visitas acabrunhadas. O meu tempo que ainda não tinha chegado.
O Hospital de Santa Maria é um edifício alemão construído no início dos anos cinquenta. É ainda hoje o maior hospital português. Depois desse episódio ainda nos tempos de faculdade nunca lá mais estive, mas não esqueço essa sua enorme fachada degradada, umas traseiras quase soviéticas de cimento e fissuras e tinta estalada, e eu achando que aquilo parecia uma imensa metáfora concentracionária mas muito concreta nas vidas que a enxameavam. No hospital se nasce (há uma maternidade) e se morre (há uma morgue). E tudo o mais (que não é muito) que entre nascimento e passamento acontece, incluindo almoços e defecações. Talvez tenha sido isso que também me chocou na altura: imaginar que ali dentro estava tudo, que fora daquele sítio tudo eram ilusões e distracções, porque nessa baleia branca estava o que somos. Somos neurologia, cardiologia, coisas assim. Pedaços mal colados e mal empregados.E uma vida toda acontece entre aquelas paredes que nunca acabam, mesmo quando um de nós acaba. Leio na reportagem que no hospital usam a expressão «levantar voo» como eufemismo administrativo da morte de algum inquilino. É mesmo isso que queremos, deitados numa cama, quando vemos uma avezinha que se aventura, saltitante, empoleirada na árvore que espreita os pacientes. Queremos levantar voo, acima do cimento e da neurologia, acima deste grande hospital em que vivemos. E isso mais tarde ou mais cedo acontece. O hospital (o que agradeço) cuida para que seja mais tarde.

Entre:linhas

Como poderei saber se não existe uma vida após esta?...Não, não estou certo disso. Pelo simples facto de o mundo existir, os limites da improbabilidade já foram ultrapassados. Percebes o que pretendo dizer com isto? Tão surpreendido estou com este mundo, que não teria capacidade para me deixar surpreender pela existência de outro mundo eventual.

in A rapariga das laranjas, Jostein Gaarder

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Uma imagem e uma música

Death cab for cutie - Transatlanticism

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Cenas que perduram (6)

«Le parole sono importanti.»
in Palombella Rossa, Nanni Moretti

Não me falte o fôlego e amanhã adquiro a distinta caixinha do mestre.
(quantos são mesmo, 4 ou 5?)

[Na Catedral habitual de consumo, que senão me falha a memória já vou tendo 2 vales por distintas participações no capital da mesma. E aí estou eu a reaplicá-los, lindo menino, filho pródigo do consumo desenfreado. Sim, eu sei, tenho noção e consciência (auto-domínio, nem sempre). Nem é preciso agradecerem, agradeço eu.
Como gosto da vertente existencialista da coisa, visualizo estantes e imagino-me a enchê-las. É quase como que decoração de interiores. Sim, é isso. Hmmm...

A propósito, há uns dias, numa conversa com amigos, circunstâncias que vida nos tem "imposto", o critério de escolha de local para viver: consensual, ter uma Fnac. Não estarei a exagerar se disser que chegaria a equacionar morar em Favaios, se Favaios tivesse Fnac. Inclusivamente, até se desculparia a mítica e ligeira falta de articulação INEM-Bombeiros daquela localidade. Nem muito menos (para que não haja bocas foleiras e porque só agora me lembrei disso) pesaria a favor o mítico favaíto.]

Voltando ao assunto. Ok, amanhã: este que me foi emprestado mas, se tudo correr bem, também já terei um exemplar.

Epá...como se diz, mesmo? ahhh, obrigado.

E isto, bem isto...isto (quais iogurtes...), isto é puuuuuuuraaaaa delíciiiiaaaaa:
[muito mais do que uma cena que perdura...são várias cenas...
e o I´m on fire do Bruce Springsteen de fundo? ... (sim, é isso: reticências)
não vejam que hão de ser excomungados e queimados vivos numa fogueira regada a crude a 35€ o barril]

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

«Now, that´s what I call Christmas»

Amazing grace! how sweet the sound,
That saved a wretch like me!
I once was lost but know I´m found,
Was blind but now I see

It was grace that taught my heart to fear,
And grace my fears relieved
How precious did that grace appear
The hour I first believed!



Ruas fora, noite dentro, ao som de Sufjan Stevens.
Ainda há motivos para acreditar no Pai Natal, seja lá o que isso for.

sábado, 20 de dezembro de 2008

(KO)isas (com) sentido (16)

Na hora do último adeus, desejei-lhe um "bom fim-de-semana", na esperança que, feitos dois dias, o Sábado fosse da doce e pueril recordação e então sim um Domingo de dura percepção da realidade.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Entre: linhas


A partilhar brevemente, uma ou outra crónica, por aqui.
Para já, deleito-me no egoísmo da minha leitura.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cold December

Do elogio do frio, do calor que só pode vir da alma, espalhando-se deliciosamente, sabe-se lá vindo de onde, até à pele. Mais o cachecol, o gorro e os dedos quentes, quando tal parece missão impossível.
E talvez por isso, ele não há santo Dezembro em que, de há 2-3 aninhos para cá, eu não acorde uns tantos dias daquele mês com estas palavras na minha cabeça:

All the birds are heading down south
but you're staying up north you say

Always.


Matt Costa - Cold December

(KO)isas (com) sentido (15)

Se o Cristiano não fosse futebolista profissional, poderia ter-se perdido.

Dolores Ribeiro, mãe de Cristiano Ronaldo, Correio da Manhã, 08.12.2008


Acrescento:
1. Por trás de um grande (?!) homem, está sempre uma grande mulher.
(Ou pelo menos, uma sábia mulher.)

2. O amor de mãe (e a sua sinceridade) é mais forte que uma casa.

(KO)isas sem sentido (9)

No metro, um tipo de seus 30-40 anos, ar másculo, ostentando uma mala a tiracolo lilás, onde se podia ler: Levitra.
Fiquei a pensar: a ignorância é uma benção. Ou talvez não. Será?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Até que a vista nos doa (15)

Charlize Theron

Sem olhar a meios.
As últimas convidadas por Lx.
Primeiro, as loiras: a "monstra" sagrada Charlize.
E também ela a fazer recordar o tempo que nunca pára...grrr.
E o pormenor de usar o relógio na mão direita, ao alcance de poucos.

E perto do terminus, Ele disse:

193 posts após, depois de 329 dias, os Efeitos por Lx estão, por assim dizer, à beira do fim.

Liquidação total, produtos de luxo à solta pelos cantos, empilhados como roupa à moda da Zara, fogo de artíficio incluído.
Vale tudo para queimar os últimos cartuchos. Em contra-relógio, rendido aos últimos argumentos verdadeiramente cosmopolitas, entregue ao vil pecado da cidade grande, sem meias medidas, "não há pai" para os últimos dias. C'est-à-dire, à grande.

Raios. Onde estava mesmo o "botãozinho" do slow motion ?

(KO)isas (com) sentido (14)

Eu confesso: estive a pensar e cheguei à brilhante conclusão que dificilmente posso um dia vir a ser grande amigo de alguém que não gosta/não conhece The Smiths. Quem viveu os 80s e não "capisca" de Smiths só pode ser um enviado para espionagem oriundo de outro planeta. Cuidado. E só em casos extremos se aceita a extrema falta de atenção como desculpa. Do género: "estive em coma profundo".
É que há merdas que são toleráveis: vícios estranhos, hábitos ainda mais, mentiras, ver as telenovelas da TVi, clubites, falar com a boca cheia, choques ideológicos. Mau cheiro até.
Mas isso, isso não.


Aqui fica então para os Meus.
E aquela dança do Morrissey? que orgulho.

The Smiths - The boy with the thorn in his side
(no original do que postei por aqui há uns dias)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ainda os "casos notáveis"

O melhor da blogosfera é poder encontrar volta e meia tipos que escrevem com esta criatividade.
E saber que não tenho de pagar 18,90 ou quaquer coisa assim mais 90 cêntimos (só para me venderam a ilusão que não custam mais 1 euro do que a casa das unidades marca). Nem muito menos tenho dislumbramentos com descontos de 10% sobre o preço do editor. Obrigado, mas não preciso. Na net há à borla.
Aliás, este blog, dúvido sequer que passasse pelos editores por aí. Eu confesso, volta e meia sou assíduo. Tudo, as mil e uma ofensas ao Cláudio Ramos também. No meio daquelas "patacoadas", sei que há qualquer coisa de brilhante, juvenal e totalmente anormal.

Tenho dito.
E este ao que parece é sobre o Natal.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

(KO)isas (com) sentido (13)

E depois tenho os dias em que me divirto a ensaiar despedidas.
E ainda assim, paro e penso que os dias são mas é feitos de descobertas. Pois que sempre que digo adeus acabo por descobrir qualquer coisa de estupidamente novo em mim.
Porquê?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

«Il faut que jeunesse se passe»

Jeff Buckley - I want someone badly



Now I want someone badly
got a girl here tonight
wants someone new
someone new
a little cry wants someone badly
I wanna know if this is a bad lease on me

I want to know
I want to know
am I sure that I heard you right
I want to know
if you're leaving just do it tonight

now I want someone badly
to burn in here with me
but listen baby
cause I cry all over madly
don't do anything do it for/with me

ooh I wanna know
am I sure that I have your love
I wanna know
if you're leaving just make sure it's right

now I want someone badly
could it be true
that someone is you



Nota:
Para ouvir até calcificar o martelo (do ouvido médio...) de tanto bater na bigorna (coitada...).
Então aí sim, podemos parar.
Diz quem sabe que se ouve um zumbido. Confirmo.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Serotonin killers

Dei por mim a pensar que hoje talvez eu seja uma vítima dessa coisa estúpida que é a dependência serotoninérgica.

E o estranho é que, logo hoje, em que o Benfica espetou 6 e não ganhava por tantos já lá vão muitos aninhos. Nem isso me chegou. Ainda pensei "embuchar" 3 kgs de chocolate de avelãs mas não achei razoável (nem muito menos dispunha de tal manjar em casa).

Eis que senão surge o anestésico ideal: lembrei-me que amanhã, vulgo "feriadinho" para o comum dos mortais e 2º fim-de-semana prolongado (no meu caso nem os cheirei...), estou de "banking" das 8-20h.
Que delícia. Esboçei um belo sorriso amarelo e nem me mexi.

Cenas que perduram (5)

Vanilla Sky, Cameron Crowe (2001)

Dr. McCabe: My favorite Beatle was once John. Now it's... Paul.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

«I can’t stay home at night»

Porque há qualquer coisa de imensamente adolescente nas Sextas-feiras.

Nada Surf - No quick fix

Palavras para quê?

A árvore a piscar e o presépio, ei-los.
O carrinho de enfermagem mais as botijas de O2. Lindo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

(KO)isas (com) sentido (12)

Esfolem-me se tiver a ter os primeiros sinais de facciosismo.
Mas haverá imagem médica mais bonita que esta?
(...detive-me eu hoje a pensar perante uma série de ressonâncias crânio-encefálicas).

Dizem que com a chuva vem a libertação

Hoje à saída do hospital.
Céu cinzento, chuva miudinha mas persistente, capaz de molhar bem a malta desprevenida ou vagarosa.

Sou interpelado por um tipo negro (aliás, sou interpelado por um sorriso do tamanho das casas de um tipo negro) a trabalhar sorridente nas obras do parque de estacionamento.
Assim:

Ele: Ó chefe!
Eu: ?!
Ele: Se eu fosse o Cristiano Ronaldo andava à chuva? (sorriso)
Eu: Como?!
Ele: (sorriso) Se eu fosse o Cristiano Ronaldo andava à chuva? (sorriso)
Eu: ?!
Ele: (sorriso)
Eu: ...
(sorriso) Não, acho que não [agora que penso nisso].
FORÇA nisso, FORÇA nisso então!!!

(KO)isas (com) sentido (11)

É. A árvore de Natal e o presépio lá do Serviço.
Daquelas cenas inexplicáveis: enchem-me de qualquer coisa de muito bom sempre que passo pelo corredor.

domingo, 30 de novembro de 2008

Até que a vista nos doa (14)

E os lábios.

Penélope Cruz

(KO)isas sem sentido (8)

As sugestões de Natal no fascículo da revista Visão da semana passada.
Um clássico nas revistas por esta altura. Mas as da Visão destacam-se.

Mas o que vem a ser aquilo? Como? O quê?? Onde? Para quem? Doidinhos...
Comédia de época...só pode ser. É que, de ano para ano, estão cada vez melhores. Os meus sinceros parabéns.
A ver se para o ano que vem me dizem qual o melhor Rolls-Royce para eu oferecer ao meu vizinho do lado. Só simbolicamente, claro.

sábado, 29 de novembro de 2008

E mais isto...

...antes de fechar por hoje.

O Silent Void do David Fonseca recordado para a eternidade, ao vivo no Coliseu (sei de gente que esteve por lá).
Um dia destes após um showcase na Fnac em Coimbra, face-to-face : "és grande David". Epá, repito-o de novo. Depois de ver isto, é inevitável.
E ainda assim, falta-lhe um "pedacinho" para ser o retrato fiel do que foi.

David Fonseca - Silent Void (Live in Coliseu dos Recreios 12.04.08)

O blog

médico (e não só) do momento para mim. Por razões óbvias.
Aconselho vivamente.

The boy with the thorn in his side

Hoje, tarde fora, entre uns tantos pingos de chuva lá fora.
Relembrado no outro dia ao chegar a casa, na Radar.
Um original dos The Smiths, na voz de Scott Matthews. "Ná-palavras".


Scott Matthews - The boy with the thorn in his side

The boy with the thorn in his side
Behind the hatred there lies
A murderous desire for love

How can they look into my eyes
And still they don't believe me
How can they hear me say those words
And still they don't believe me

And if they don't believe me now
Will they ever believe me?
And if they don't believe me now
Will they ever will they ever believe me?

The boy with the thorn in his side
Behind the hatred there lies
A plundering desire for love

How can they see the love in our eyes
And still they don't believe us
And after all this time
They don't want to believe us

And if they don't believe us now
Will they ever believe us?
And when you want to Live
How do you start?
Where do you go?
Who do you need to know?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

May I present to you my new best friend

At least, I hope so.

A parte pelo todo

Cronologia dos meus últimos tempos:

1.
Esboço argumentos de possíveis escolhas em plena viagem. Ideias que surgem, em papel-cartão, contra-capa e sujo, empoleiradas nas margens. Gosto de preencher os espaços assim: prender as preciosidades em cantos de página. Talvez assim me oriente melhor, não fujam da mente, não sei. Correndo os poucos anos de experiência (ao fim de quantos anos se pode falar em experiência?), mas de sinceridade e entrega própria total, à velocidade vertiginosa que transporta os objectos lá fora para trás. Se olhar pela janela, tem momentos em que face à torrente vertiginosa de pensamentos, enjoo. Qual efeito Doppler, ideias vão, ideias vêm, e às vezes apetece-me desistir, pedir um mapa genómico, consultar uma cartomante e descobrir afinal para que fui eu feito.


2.
Ambiente caseiro. "Sentem-se aí, quero que ouçam isto". As palavras e a concordância de quem me quer melhor. Sei-vos bem.
Os teus olhos, quando sabes que decido com gosto mas com a razão, dizem tudo. Ou melhor, espelham mundos de forças inquebráveis. Meus e teus, só. Acho que ninguém mais os descobriu até hoje, inclusive. E sinto-tos tal e qual os meus quando me cativam com esse estúpido elixir que é a lógica apaixonada das coisas (existirão lógicas apaixonadas?...).
Pois então: sigo caminhando sempre pela estreita fronteira entre a racionalidade que sempre desejei ter e aquela que sei que nunca irei alcançar de todo (felizmente). Apenas parte.


3.
"Já decidiste Luís?"
"Sim, já decidi". 2 ou 3 clicks depois, 2 páginas imprimidas e 2 assinaturas, um trocar de "parabéns" e um "obrigado por tudo" trancado por um sorriso mútuo. O meu: daqueles de quem não sabe bem para o que vai mas vai e vai com vontade. Como sempre fui sempre que me apeteceu fazer algo, como agora. Simplesmente, fui. A vida é feita de desafios, sem eles somos nada, penso.


4.
"Sabes, e não é que por cá está aquele frio?" :)

Talvez as vidas se definam mesmo em míseros instantes e nós aqui, mergulhados em utopias de tempos para tudo.
Num momento nascemos, num momento começamos a falar, a cantar, num momento sorrimos e noutro fazemos sorrir. Fazemos amigos e num momento afastamo-nos para sempre de outros, sem que saibamos sequer porquê. Num momento apaixonamo-nos. E num instante decidimos o que fazer para o resto da vida, assim. Num momento, o nosso clube é campeão mas noutro ainda perdemos tudo, taça e campeonato. Num momento somos tios, pais, avós, os maiores e os piores. Até que então, num momento exacto x, pelo processo fisiopatológico y (as palavras técnicas soam tão mal às vezes...) adoecemos e mais tarde num último instante morremos. É sempre assim. Tudo simples momentos.


5.
Amigos, a felicidade na voz dos outros que nos conhecem. Mesmo. A felicidade de quem é jovem: "porra", a felicidade de quem é jovem e tem um futuro de projectos pela frente é das melhores coisas do mundo.
A realidade do que parecia ser o sonho de sempre. A percepção da realidade. A realidade é uma merda, às vezes mete nojo mesmo. Asco. Capaz de nos levar a criar rancores para toda a eternidade. Isso não, isso não quero. Em jeito de troca de confidências: assistimos ao fim e ao assassínio das coisas mais belas e genuínas, aquilo que sei unir a alguns de nós. Aquilo que nos uniu. Ainda assim buscamos alternativas (ou não) mas seguimos em frente sempre.
O reconhecimento. "Obrigado por tudo. A medicina, seja qual for a especialidade é só uma." Sem dúvida.

sábado, 22 de novembro de 2008

Snapshots

Lisboa.
(...We live together in a photograph of time...)






Crónica de uma morte anunciada

Naquele momento não se ouviram as campainhas do chinfrim habitual, nem muito menos pairaram inquietações no ar, se trocaram olhares cúmplices de nervosismo, fracasso ou desilusão, sequer levitaram suspiros. Nada, mesmo nada, tudo sereno. Do lado de fora da janela, as obras na rua não pararam. E no corredor além da porta, o vaivém contínuo dos outros sempre. Distraídos, impunes, cúmplices, indiferentes ao que ali se passava. ("Ninguém se rala" com as despedidas dos outros, cruzamo-nos vezes sem conta com pessoas que nada nos dizem a dizerem adeus por aí fora e nós na nossa santa vidinha.)

Momentos em que o silêncio e a sobriedade de um exame técnico, de uma auscultação ganham uma dignidade indescritível. Em 3 anos como aluno e noutras tantas vezes como interno agora, nunca lhe senti tanta força, certeza e firmeza no gesto. E o silêncio, e o vazio, aquele vazio interior que nos faz parecer que o esófago e a traqueia são um tubo oco que mais parece uma anilha. (Se a visse na rua a despedir-se de alguém, sentir-me-ia assim? Acho que não...)

"Midríase fixa, ausência de resposta à estimulação dolorosa, silêncio à auscultação, assistolia no traçado electrocardiográfico". Tudo isto em meia dúzia de explicações, assim, ali (como eu gostaria de poder vir a ser lição para alguém assim, e a propósito, o meu muito obrigado.). Inevitavelmente, a memória da lição para a vida que a minha avó me deu no dia em que também ela me disse adeus assim, doce e serenamente.

"Está verificado". E pé-ante-pé, antes do vaivém do corredor, olhar para trás uma última vez (acho que não consegui evitá-lo...). A cor: um verde (a graça da esperança...) quase florescente que revelava de caras um dos males de que padecia: fígado.
"Paragem cardiopulmonar irreversível", parece que foi assim que ficou escrito no diário. Perdoem-me a crueldade, mas havia já alguns dias em que, pese embora a ausência das palavras, já lá constava tamanho registo.

E hoje a notícia mais que anunciada chegou-nos assim como quem nem precisa de tocar à porta antes de o dizer. Pressente-se a passagem. De tal forma, que o mundo lá fora nem sequer "topou".
Na memória, guardarei para sempre a prontidão com que a minha tutora se disponibilizou para, mesmo não sendo a sua médica, não a abandonar naquele momento (haverá "momentos" quando tudo acaba?) e ao telefone mais tarde, as bonitas palavras que remetem para um gesto, em si, cheio de vida: "a Sra. X despediu-se".
No momento em que eu morrer, também eu quero que digam que, ao ritmo normal do mundo, me despedi. Só.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Hoje e sempre

Revivendo os eighties. Porque há coisas que ficam para sempre.
Todos juntos.

Nós e as nossas músicas.

Tiago e Bettencourt e Mantha - Pó de Arroz (Carlos Paião)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

(KO)isas (com) sentido (10)

No SO:


Ele: Vê lá este raio-x Luís (qualquer coisa como isto).
Eu: Hmm?!
Ele: Aqui:
Eu: Bem..!
Ele: Isto sim, isto é uma MULHER de CORAÇÃO GRANDE . Existe mesmo. Vês esta uma vez e nunca te deixes enganar.
É o que se chama ver para acreditar.
Eu: ...

Desabafo d´aqui 4

Será que não existe desta colecção algo como "Hard choices for dummies?"
Que jeitaço que dava...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Desabafo d´aqui 3

Não gostar de castanhas em plena época de São Martinho é como usar blusão de penas em pleno Verão.
Afinal de contas, quantos somos?

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Óbame!

Antecipando a vitória de Obama mais logo.
No dia em que, quer queiramos quer não, todos nós somos americanos.

Diz que Wilco é a banda favorita do senhor.
Got a box full of votes!, talvez seja o mais adequado.

Wilco - Got a box full of letters

Entre : linhas

«Talvez eu não tenha vivido como devia?», ocorreu-lhe de súbito. «Mas como, se fiz tudo como deve ser?», disse para si mesmo e imediatamente afastou essa única solução de todo o mistério da vida e da morte como coisa completamente impossível.
«Mas que queres tu agora? Viver? Viver como? Viver como vivias no tribunal, quando o oficial de justiça proclamava: "Chega o juiz!..." Chega o juiz, o juiz chega- repetiu para si mesmo. - Aí está ele, o juiz! Mas eu não tenho culpa! - exclamou, furioso. - Porquê?» Parou de chorar, e voltando a cara para a parede ficou a pensar sobre a mesma coisa: porquê?, para quê todo aquele horror?
Mas por mais que pensasse não encontrava resposta. E quando lhe ocorria, como muitas vezes ocorria, a ideia de que tudo aquilo resultava de ele não ter vivido como devia, logo recordava toda a justeza da sua vida e afastava essa ideia estranha.

in a A Morte de Ivan Ilitch,
Lev Tolstoi

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Snapshots

No Café Noobai e com a vista do miradouro do Adamastor sobre o rio Tejo.

Dos momentos que valem acima de tudo pelo que nos rodeia.
Tal qual um rio de dúvidas existenciais, prestes a descobrir o seu caminho e a desaguar num qualquer porto seguro. Assim espero.

Sem comentários (5) (se tal for possível...)

Permitam-me só umas pequenas adendas:
1. Ora, se a contagem não me engana, já revi este lance umas 373 vezes.
2. Maradona: "Pablo Aimar é o único jogador actual que eu pagava para ver".
3. Pois então, para mim, o Benfica é daqueles clubes que tem forçosamente de ter um jogador do tipo Aimar.
4. Mais: Aimar nem precisa de jogar mais até ao final da época. Simplesmente, só com isto já me convenceu.

sábado, 1 de novembro de 2008

"Early morning" (à la abrupte) sounds

Com a voz de Lou Reed na intro da fantástica música de Antony Hegarty (esse "guru" dos gays...).
Fistful of love
.

I was lying in my bed last night
Staring at a ceiling full of stars
When it suddenly hit me
I just have to let you know how I feel...

Antony and the Johnsons - Fistful of love

Cinema (por e fora de casa)

W, Oliver Stone (2008)

Gomorra, Matteo Garrone (2008)


Na falta de actualização da vasta série cinéfila: em casa e fora.
Entre outros, dos que me recordo:
- Por casa: Niceland, Cinema Paraíso, Uma noite na Terra, O meu irmãó é filho único(again...).
- Fora: Tropa de Elite, O segredo de um cuscuz, Bienvenue chez les Ch´tis.
Faça-se o salto, carregue-se no reset e inicie-se nova contagem.
A ver se não me falha de agora em diante então.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Celebrando o Halloween


Jeff Buckley - Wicthes´ Rave
(não perdendo a hipótese de meter a colherada dos mestres...sempre)

It sounds just like a scream. I don't know what you mean
Your witchcraft's all around me in your ragged pagan scene
You tell me all the ways around my garden that you like
I float just like a bubble heading for a spike

All is well between the breasts of passenger and slave
We'll never make it out alive to join the witches' rave

You'd like to see him suffer for you fantasy and thrill
He fell sick while we made love, he's out there, somewhere,still
Oh, I feel the spell that you have cast,
Hot, pink, nasty bubble gum, coming down just like a big redcoal
ooooooo. oooooooo

I can't help from looking outside for a guarantee
I can't help from looking outside for a guarantee

Hey! I try to keep all hidden when you come around
Oh, no! the sight of broomsticks sliding on the ground
You're levitating something,? cause i feel so collectible
We're all lying natural,
He's watching from a window up above i see he loves you,
I'll bring you closer
Something in my fate says it's not right for me
Tell me, am i cursed or am i blessed?
I can't tell, oh yes!?

Cause all is well between the breasts of passenger and slave
I'll never make it out alive to join the witches' rave
oooooooooo. ooooooooooooo

I can't help from looking outside for a guarantee
for a guarantee

(KO)isas (com) sentido (9): Infradesnivelamento de ST

Em termos electrocardiográficos foi o que deve ter ocorrido ontem algures no meu sistema de condução eléctrico cardíaco por instantes (ECG, essa coisa que ainda é um Sr. para mim, trato-o por você, inclino a cabeça para baixo, tal é a distância e o respeitinho que lhe tenho).

Em termos mundanos, traduz a loucura que senti veias fora quando dei por mim a conduzir, em plena avenida lisboeta, hora de ponta, sem semáforos a funcionar.

Esqueçam aquela cena das prioridades à direita (quando a direita vem de todos os lados...) e o código dá mesmo um bom calço para mesas mancas nestas situações. Juro que ainda me lembrei dele uns segundos. Depois...bem depois veio-me logo à cabeça a imagem do Mowgli, do mítico Livro da Selva, esse clássico infantil. E até acho que foi só isso que me acalmou.
A selva urbana não é um mito de facto. Comprovei-o. E aquela máxima do "salve-se quem puder" não podia ser mais verdade.
Só para que se saiba: safei-me. Em pouco mais de 30 segundos. E o carro também. IMPECs.

sábado, 25 de outubro de 2008

Jesus Lord!!

Se me perguntarem se já vi J.C, sou gajo para dizer que sim senhor, já o vi.
Qual presépio, havia não sei quantas cabrinhas à volta e respirava-se um clima de magia e bucolismo indescritível.
Mais: além de Jesus parecer ser um tipo "porreiro" e que bem que ele cantava!
Qual Rei Mago que vai admirar o menino, era gajo para felicitá-lo com um abraço daqueles.

Fleet Foxes, Fleet Foxes.
Sem dúvida, o disco do meu outono.

Fleet Foxes - He doesn´t know why
(e o pior é que nem eu ainda sei bem porquê..)

(KO)isas (com) sentido (8)

As estações de comboio, os aeroportos, as estações rodoviárias e até as estações de serviço em plena auto-estrada: cabe lá quase tudo quanto haja nesta nossa "vidinha".
Não são poucas as vezes em que dou por mim a pensar nisso este ano. Se nos fosse concedido apenas 1 dia de existência para nos apercebermos de tudo quanto pode acontecer à nossa volta, que esse mesmo dia fosse passado em viagem.

Chegadas e partidas.
Desencontros e encontros.
Saudade, ansiedade, euforia, tristeza, cansaço, desespero, admiração, raiva.
Gente de todo o mundo e de todas as formas.
Um sentido.

Atrasos e esperas.
Rebuliço e calmaria.
Tudo isto num continuum, sempre aberto, gente vem, gente vai, nada pára e tudo se transforma.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sem comentários (4)

Os Magalhães, o melhor humor nacional

Esta malta que organiza estes cursos de introdução ao Magalhães promete.
Humor de alta craveira este que se faz com professores hoje em dia. Pena que não seja aberto ao público.
Arruma Gato Fedorento e Contemporâneos num cantinho mesmo. E Magalhães, bem vista a coisa, até que é um nome divertido, bem-disposto. (Ma-ga-lhães! pode-se até dizer em crescendo e tudo...espetáculo!)

Deixo-vos 2 sketchs (humorísticos porque desculpem lá, não há outro nome para isto).
Epá, não agradeçam. Digam antes aos vossos filhos, sobrinhos, amigos, seja o que for para não enveredarem pela carreira docente. É que também se pode cantar durante a apanha do morango e que bem mais agradável que é (ou não se estivesse antes em plena comunhão com a Natureza, só).

1. Não há "palavrinhas" para descrever isto



2. Esta vida de Magalhães está a dar cabo de mim


Se isto for verdade, estou choca(lha)do.
E ficarei ainda...para aí...(deixa cá ver), talvez nos próximos 36 anos. É isso.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cenas que perduram (4)

Do mais psicologicamente avassalador que já vi até hoje
(com aqueles tamborzinhos à mistura, claro).


Eyes wide shut, Stanley Kubrick (1999)


Cult Leader: [Pleasantly] Please, step forwards. May I have the password?
Dr. Bill Harford: Fidelio.
Cult Leader: That's correct, sir! That is the password- for admittance. But may I ask, what is the password- for the house?
Dr. Bill Harford: The password for the house..
Cult Leader: Yes?
Dr. Bill Harford: I...seem to...have forgotten it.
Cult Leader: That's unfortuante! Because here, it makes no difference- whether you have forgotten it- or whether you never knew it. You will kindly remove your mask.
[Bill removes mask. Cult leader continues in a pleasant tone]
Cult Leader: Now, get undressed.
Dr. Bill Harford: [nervously] Get...undressed?
Cult Leader: [sternly] Remove your clothes.
Dr. Bill Harford: Uh.....gentlemen..
Cult Leader: Remove your clothes. Or would you like us to do it for you?

Até que a vista nos doa (13)

A celebrar o número do azar.
Colocar uma foto da Angelina Jolie aqui é equivalente ao "puxar" do ás numa sueca.
A tratar uma borbulha recidivante com um corticóide oral.
Previsível de certa forma, a roçar o bioterrorismo talvez, mas 100% eficaz.

Angelina Jolie (precisava de legenda?)

P.S: No regresso da cor a esta rubrica, a "sugestão" foi da "mana" há uns dias atrás.

Joan as Police Woman

Se tiver que ser multado um dia, então que seja pela Sra. Agente Joan Wasser (também conhecida por Joan as Police Woman). E que me diga quanto tenho de desembolsar a cantar que sou "menino" para me fazer surdo e obrigá-la a repetir uma meia dúzia de vezes. Ou talvez não que é muito: só 6, vá.

"Valha-me Nosso Senhor" se eu não sou "rapazinho"- caso os astros estejam nas casinhas correctas por essa altura (que é como quem diz, não haja "banking" lá no hospital)- para me estrear no mui lindo Centro Cultural Olga Cadaval, ali para os lados de Sintra, ao que parece dia 9 de Novembro.
Estou a fazer figas para que haja bilhete ainda. Se estou.


Joan as Police Woman - To be loved

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

«She's elusive»

Scott Matthews - Elusive



She's a gambler
Spinning wheels
The poisoned victim
The look of steel
The coldest hearts you've ever felt
The coldest hands you've ever held
Take him down
All away
A million miles
Still know her way
As I learn to live long
In a mind I'm proud to roam

She's elusive
And I'm awake
You're finally real
There's nothing fake
A mystery now
To me and you
Open my eyes
And I'm next to you
She's said my destiny
Lies in the hands that set me free

A wreckless night
She hears me breathe
Curse in the sky
But there's company
Lost her wisdom deep inside
Her bitterness shows inside
If it's true
I am doomed
What more is there
To hold on to
A strand of her hair is all I own
A gift to me with sorry so

...

If something says
That this ain't right
There's more to her
Than meets the eye
Come's and go's at any time
Back in my head till another time

...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Snapshots

No cimo do Parque Eduardo VII.


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Uma imagem e uma música

Morning Sun, Edward Hopper (1952)


E Morrissey. Em dias de férias, Everyday is like sunday.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Disto não há no IKEA

(Ou talvez até haja. Mas isso não interessa agora.)

Koop - Come to me

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Twenty something

Chego aos 25 e apercebo-me que ainda não sou capaz de mandar um bitaite decente sobre política internacional (ainda que, do pouco que vi desta campanha presidencial americana, a ache uma fantochada e me orgulhe de tamanho sinal de maturidade). Nem muito menos de macroeconomia, que apenas sei encaixar na categoria das palavras técnicas bonitas. E saber palavras técnicas é sempre bom num mundo de técnicos, mas quando ela é bonita é qualquer coisa mais. É saber "encher salas" também (e não é graças ao prefixo em causa). Muito menos entendo o frenesim com que um espirro mal contido em Wall Street é sentido do lado de cá. Como se de um verdadeiro furacão se tratasse. E toda a gente sabe que furacões não podem haver todos o dias. Eventualmente haverá um ou outro que arrase tudo à passagem. Agora todos os dias, não. Dêem-nos descanso.

Motivos quase suficientes para uma autêntica desilusão ao virar de quarto de século.

Mas dou conta que face aos 18 (a dita maioridade) alguma coisa mudou, é certo. Ainda que os sonhos ainda não dêem sequer para contar pelos 10 dedos das mãos que estendo à minha frente no preciso momento em que pauso a escrita (...pausa...). Ainda bem.
Tal como eles, como se nenhum sonho fosse menos importante por maior ou menor, por mais fácil ou difícil de alcançar. Afinal de contas, todos são o que são: sonhos. A leveza e musicalidade da palavra em si conota toda a sua grandeza. Sonhos. Repitam e reparem. Capazes de flutuar.


E aos 25 (o início da maturidade) perco-me no inevitável balanço do que já alcancei então.
Emprego aparentemente estável (desculpem-me a presunção mas face aos dias de hoje...) e que me estimula (acima de tudo, isto o mais importante), carro próprio (my first, own and yet the only possession), algumas pessoas queridas e pouco mais assim espremidinho, se o tivesse de dizer numa frase só.

Mais.

- Memórias de outros tempos, sim. Do que já foi e volta prazeirosamente às vezes, do que nunca mais volta mas que mesmo assim dá um gozo tremendo recordar. De quem não quis, mas acima de tudo de quem quis mas não pôde ficar. De quem não fui capaz de descobrir lugar e, claro, de quem por cá ainda vai ficando sempre.
Tudo isto, na certeza que o esquecimento é a coisa mais natural que há, mas que a recordação não lhe fica atrás pelo rasgo de espontaneidade que pode conter em si. Li há uns tempos que para esquecer é preciso recordar (ou tê-lo recordado antes). Nada faz mais sentido.

- A simplicidade e naturalidade com que, aqueles que considero terem sido os meus verdadeiros mestres até hoje, me cativaram (nem eles o imaginam...).

- 3 ou 4 receios de vida que ainda mitigo, outros tantos quase-axiomas que me vêm acompanhando.

- Algumas frases escutadas, lidas, faladas, dialogadas, pensadas, muitas delas ecoadas em mim, que me marcaram ou ainda marcam, outras que já não marcam mas que por cá assentaram arraiais. Nem muito menos dão para esquecer ou apagar.

- Uma série de imagens, de instantes, nada contínuo e ainda assim tudo estupidamente interligado, às vezes confuso até. E também por isso talvez tenha dias em que as detesto recordar. Como se, castigo existencial, não me fosse permitido captar nada mais do que simples pedaços aberrantes do que me rodeia para a posteridade. E todo o resto que os unifica se degradasse. Sem que pudesse fazer o que fosse, se entranhasse de bolorosidades precoces e se esfarelasse na brisa mais ténue que possa haver. Naturalmente e só com o simples passar do tempo. E eu assim, meio sem saber para o que venho afinal, ao perder diante de mim o que daria sentido pleno a isto tudo.

- Umas tantas cenas de filmes, que assimilo como se de páginas de um possível roteiro se tratassem (nunca se sabe quando surge a deixa ideal).

- As fotos de vida que nem preciso pendurar.
- Outras tantas músicas que guardo, mas que nem sequer em formato físico ou digital, nem muito menos tomei nota.
Simplesmente, sei-as todas comigo ainda que se me perguntarem pelas mesmas, inevitavelmente me escape alguma. Estou consciente de tal, é óbvio. Mas tenho-as por cá e isso é para mim é-me suficiente.

- Talvez 5 locais (dos poucos em que já estive e vou estando) que nunca irei esquecer. A vontade de lá voltar mas a razão azucrinando-me para outros conhecer antes.

Quase sempre estropiado por uma vontade, também ela já vintã, de conhecer, de partilhar, de ir à descoberta. De partilhar sonhos e medos. De enfrentar o desconhecido. De lhe estender a mão e lhe espremer todo o brilho da sinceridade. De quem não tem nada a perder. Do primeiro impacto de um olhos-nos-olhos. De festejar essa pequena coisa a que chamam cumplicidade. Que nasce assim do pé para a mão (às vezes meio tosca até) para depois crescer robusta vezes sem conta. De brincar aos "sem fins" no gozo que só a certeza que nada é eterno nos pode dar. De quem sabe a "labilidade de malabarista" dessa coisa que é a Vida. Como se a ignorância ou a inconsequência fosse o pior dos nossos pecados (eu próprio, hoje, ainda não o sei).
E no entanto, sempre o tempo (sempre o tempo...) como o mais contínuo que existe. [há uns tempos no blog de uma amiga, quase cruel mas sublimamente escaqueirado (é esta a palavra) em 5 ou 6 palavras só...e eu assim, estarrecido em como ela o apanhou tão bem].


Hoje apaguei 25 velinhas de um sopro único. Para que se saiba só. Não fosse tal motivo mínimo e ridículo de orgulho por agora, que não me falta o fôlego.

Revejo os planos e traço novos objectivos lá para os 30. Até lá. Quem sabe, aí sim, saberei mandar os bitaites referidos. Nem prometo fazer muito por tal. Nada mesmo até. Como se isso- em jeito comum de quem numa vida quase sempre sobrevaloriza futilidades, fosse sequer o mais importante.

sábado, 4 de outubro de 2008

Era mais isto

[Dedicado à malta do "eu faço e aconteço". Que os há e não são poucos.
Com os melhores cumprimentos da casa] :

Deolinda (ao vivo nas Manhãs da Antena 3)


Sem palavras.
Cantar simples e em português afinal é possível. Mas está ao alcance de poucos por certo.

J. M(ar)RAZ(es)

Uma música bem-disposta. Um cd todo bem disposto.

[Nota a posteriori: uma prenda de aniversário bem ao jeito da pessoa que a ofereceu! E quando assim é, uma vez volvidos aquela dúzia e meia de anos e os 3kg de pó sobre a efeméride, de certeza ainda me lembrarei do autor da oferenda. Cheers and may the Lord be with u!!

Well open up your mind
and see like me
open up your plans
and damn you're free
;)]

O ideal para queimar os últimos cartuchos estivais que "pó ano há mais qu´isto é sempre assim, vai e volta".

Lugar comum: inevitável pensar no quão mais fácil é cantar em inglês: quase tudo soa a milímetros de Shakespeare ou E. A. Poe.
"Raios parta" a nossa língua! Há alturas em que só complica, e quando não complica soamos ao mais básico que há (vulgo mestre de obras). Os exemplos são inúmeros e basta pensar nas frases mais emblemáticas (com particular destaque para os diálogos românticos) de alguns filmes.

Atentem um pouco na letra desta canção, na batida (e porque não no vídeo) e imaginem-na cantada no nosso querido dialecto. O mais provável era o artista ser José Marrazes (ex-elemento de uma boysband formada por 4 indivíduos nortenhos, 2 dos quais ex-presidiários) e o título da música: "Sou teu". Duvido sequer que se tornasse hit de Verão.

Numa coisa estamos muito mais à frente que os americanos: descobrimos a nossa música "pimba" muito antes deles. Creio até que esboçámo-la aos primeiros grunhidos arcaicos por cá proferidos. E desconfio mesmo que eles nunca venham a descobri-la (pelo menos tão nitidamente como a malta faz por cá).


Jason Mraz - I´m yours

De papo para o ar

Eis que senão, às portas de Outubro, entro neste modo por uns dias.

Como imagem, uma remota lembrança de uma casa no tabuleiro do jogo "Paga e Cala" (salvo erro, a que assinalava o Domingo de cada semana) com um um tipo espreguiçado numa daquelas camas de rede, ostentando um ar displicente mas feliz.
É isso: mais ou menos como se fosse "Dominguinho" (mas daqueles sem "banking"!!!) todos os próximos dias.

Podem até chover ancinhos que os dias que aí se avizinham são de puro descanso e meditação. Ora pois.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Até que a vista nos doa (12)

Ainda Paul Auster.

Diz-se que um homem enlouqueceria se não pudesse sonhar à noite. Do mesmo modo, se uma criança não tiver a possibilidade de penetrar no imaginário, nunca estará em condições de enfrentar o real. A necessidade de histórias de uma criança é tão fundamental como a sua necessidade de comida, e manifesta-se do mesmo modo que a fome. Conta-me uma história, diz a criança. Conta-me uma história. Por favor, pai, conta-me uma história. Então, o pai senta-se e conta uma história ao seu filho. Ou então deita-se no escuro a seu lado, os dois na cama da criança, e começa a falar, como se no mundo não restasse outra coisa senão a sua voz, e conta uma história no escuro ao seu filho. Muitas vezes é uma história de fadas, uma história de aventuras. Mas, muitas vezes, mais não é do que um simples salto no imaginário. Era uma vez um menino chamado Daniel, diz A. ao seu filho que se chama Daniel, e estas histórias em que o miúdo é o herói são talvez as que mais lhe agradam. Do mesmo modo, conclui A., enquanto está sentado no seu quarto a escrever o Livro da Memória, ele fala de si mesmo como se de um outro se tratasse, a fim de contar a sua própria história. Para se encontrar nas páginas, ele tem de fazer de si um ausente, ele tem de se apagar. E é por isso que ele diz A., mesmo quando quer dizer Eu. Porque a história da memória é a história de ver. E ainda que as coisas a ver já não estejam lá, é uma história de ver. A voz, portanto, prossegue. E mesmo quando o miúdo fecha os olhos e adormece, a voz do pai continua a falar no escuro.

in Inventar a Solidão, Paul Auster


Ando deliciado com as suas criações. Todas as que conheço até à data.

Sophie Auster, acrtiz e cantora, filha de Paul Auster

(KO)isas sem sentido (7)

O Benfica deve ser o único clube do mundo em que uma entrada naquilo a que se pode mesmo chamar de Taça Uefa é sentida como se da vitória na competição se tratasse.
Síndrome da pequenez, dirão uns. Sentimento de grandeza inexplicável e intransmissível, dirão outros.
E o mais delicioso de tudo (repito: o mais delicioso- ou não estivesse aquilo a que chamo "delícia" enraizada na estranha comunhão da paixão mais sórdida com a mais arrasadora das razões) é que Eu próprio sou benfiquista.
E se há dias em que faço questão de o dizer é nestes.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Starb(l)ucks!!!

Não foi numa esquina da Fifth Avenue, como gostaria de ter sido.
Não nevava lá fora nem muito menos, ao primeiro dia de Outubro, fazia sequer o pouco de frio que convidasse a qualquer coisa mais quente do que umas jeans e uma t-shirt de cores quentes.
Mesmo que nevasse lá fora passaria despercebido aos saudosistas que por ali fossem à procura de um pouco do Inverno que teima em aparecer. Dos míticos casacão e cachecol, nem sinal portanto. Nem muito menos do bafo quente que emana de cada respiração e embacia a janela nesses dias. Janelas nem vê-las, também.
Nada, mesmo nada disso.

Mesmo assim não resisti em ir até ao Starbucks no Centro Comercial Allegro em Alfragide. E talvez não pudesse haver pior sítio para abrir um franchising da marca americana em Lisboa.
Chiado, Rossio, Baixa, Saldanha, Avenida da Liberdade, Avenida da Républica, nãaaa. "Too obvious", dirão os senhores da franchising. "O que está a dar é um Centro Comercial, bem à periferia, viva a descentralização". Assim paredes meias com uma Zara, uma sapataria qualquer ou seja lá o que for (que confesso nem ter reparado).

A antítese do Starbucks que tinha no meu imaginário.
Do café em si, as expectativas já não eram grandes. Apenas se cumpriram.
O resto, pelo que já disse, foi pura desilusão. Restou-me o contentamento do copo de plástico.
Uma língua escaldada e a inevitável volta aos intestinos que 1/2 litro de café faz a um consumidor habitual de expressos.

Ora bolas: assim se desfazem os sonhos de uma infância/juventude. Horas a fio de filmes/séries americanas e fazem-me uma destas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Até que a vista nos doa (11)

9:2, ganham as morenas.

Monica Bellucci

Mais sobre a solidão: o elogio

If you're so funny
Then why are you on your own tonight?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight?
I know...
Because tonight is just like any other night.


I know it´s over, The Smiths
(hoje pela noite dentro na voz do mestre Jeff Buckley)

Entre : linhas

Abri a primeira página.
À esquerda, impossível de passar despercebida a qualquer leitor, preto e branco, com um jardim ao fundo, um retrato bem à moda antiga de uma qualquer família ocidental. Não faltam os vestidinhos lindos, os sorrisos, olhares e poses ensaidas de véspera para o mítico dia da visita do fotógrafo.

À direita, começa assim:

Um dia há vida. Um homem, por exemplo, de perfeita saúde, nem sequer velho, nenhuma história de doenças. Tudo está como sempre esteve, como sempre estará. Ele passa de um dia a outro, não se ocupa de outra coisa senão dos seus assuntos, sonha apenas com a vida que tem à sua frente. E então, de súbito, acontece que há morte.
Um homem solta um pequeno suspiro, afunda-se na sua cadeira, e é a morte. O carácter súbito desse facto não deixa o menor espaço ao pensamento, não dá à mente a menor hipótese de procurar uma palavra capaz de a confortar. A única coisa com que ficamos é a morte, o irredutível facto da nossa própria mortalidade. A morte depois de uma longa doença, podemos aceitá-la com resignação. Mesmo a morte acidental, podemos imputá-la ao destino. Porém, o facto de um homem morrer sem nenhuma causa evidente, o facto de um homem morrer simplesmente porque é um homem, deixa-nos tão perto da invisível fronteira entre vida e morte que não sabemos de que lado estamos. A vida converte-se em morte e é como se esta morte sempre tivesse sido dona e senhora desta vida. Morte sem aviso. O que é mesmo que dizer: a vida pára. E pode parar a qualquer momento.


Recebi a notícia da morte do meu pai há três semanas. Era sábado de manhã e eu estava na cozinha a fazer o pequeno-almoço para o meu filho Daniel. A minha mulher dormia ainda no piso de cima, quente sob as cobertas, desfrutando umas horas extras de sono. O Inverno no campo: um mundo de silêncio, fumo da madeira, brancura. A minha cabeça estava cheia de pensamentos sobre as páginas que escrevera na noite anterior e delineava já a tarde, o período do dia em que poderia voltar ao trabalho. E foi então que o telefone tocou. Soube nesse mesmo instante que havia um problema. Ninguém telefona às oito da manhã de um sábado, a menos que seja para dar notícias que não podem esperar. E notícias que não podem esperar são sempre más notícias.
(...)


in Inventar a Solidão, Paul Auster


Uma foto e dois parágrafos bastaram então para me convencer.
Confesso que andava à procura de algo assim há já algum tempo. Não me passaria pela cabeça que o encontrasse em Paul Auster, sequer num livro com este título.
Estou a digerir cada pedacinho, entre outras leituras técnicas esporádicas que o ofício às vezes obriga.
Para já aconselho(-me). A terceiros, só mais tarde direi se sim ou não.

A sugestão foi da Clara e como há pouca coisa melhor do que um devido reconhecimento, aqui fica o meu. Obrigado.
Lá para o final da coisa, pode ser que falemos melhor, ok?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

No Metro (3)

Ela 1: Sabes, o que eu acho piada em Lisboa mesmo é a luz.
Ela 2: A luz?!
Ela 1: Sim, a luz da cidade. Já passei por muitas cidades e nunca vi uma com uma luz assim.
Eu (a pensar): Damn!, como te compreendo!

Falar da luminosidade única de Lx em tarde solarenga, das águas furtadas do Rossio e das muralhas do Castelo quase douradas é, a meu ver, o mais certo dos lugares comuns por estas paragens. Um rótulo que já deve ter dado umas boas milhares de vezes a volta ao mundo sabe-se lá já desde quando.
Já o ouvi de outros que por cá estiveram em tempos, ouço-o hoje que cá estou e creio que se ouverá sempre por aqui e da boca de quem por aqui passa.
Mais: só não vê quem não quer (até o mais distráido um dia acabará por reparar).

Ora também eu, se me perguntarem o que tem de especial a capital, responderei sem hesitar o mesmo: a LUZ.


(Para minha imensa vergonha- visto que escandalosamente ainda não possúo my very own photo da Baixa lisboeta- esta é uma foto retirada algures da Net)

Do domínio dos estranhos rituais

Eu confesso: num destes dias, numa das idas ao Continente e perante aquelas estantes incontáveis de material escolar do mítico regresso às aulas, não resisti em abrir um daqueles cadernos pretos (vulgo "Caderno diário") e enfiar a excrescência nasal bem lá no meio à procura do cheiro perdido da escola primária. Dizem que o odor é dos sentidos que melhor evoca sensações mnésicas e eu tenho isso por facto consumado.

E isto é já um ritual.
Mas desta vez o preocupante foi que, nem sei bem se do passar dos anos, se do raio do material com que fazem aquilo agora, já não teve bem o mesmo poder de evocação. Ainda procurei um livro desesperadamente (sim, os livros é que concentravam aquele cheirinho "às resmas" assim no espaço entre a segunda e a terceira páginas) mas não encontrei.

Sem mais soluções, vim para casa meio frustrado sem a habitual certeza ao que cheirava o 1º dia de escola.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

«Mar de gente»

Foto de Spencer Tunick

Vou ali e já venho

Deixo-vos com esta músiquinha. Um clássico.

Escusam de agradecer.
O sorriso é por conta da casa.

Belle and Sebastian - Funny little frog

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

«Ladies and gentlemen place your bets»

Às vezes penso que a melhor maneira de tomar decisões difíceis é mesmo aquela de mandar um dado ao ar.

Esqueci-me dos phones em casa (no metro 2)

E o que dizer daquela malta que insiste em "dar música" ao pessoal via telemóvel? What the f$#$?!
1ª reacção inevitável: quem é que tem um toque tão piroso?
2ª: quem é que é surdo aqui e não ouve o raio do telemóvel?
3ª: ok, já te identifiquei, tens a mania e és parvo, definitivamente.
3ª e meia: ok, não é um toque, é música!!! Oh que bom! E que bem que deves ouvir os teus mp3 assim, hã?! e que tal arranjares uns phones? ou gostas do barulho de fundo do metro? uma delícia, era o que faltava nessa músiquinha mesmo.

Sem vergonha. Mudam faixas, põem mais alto, puxam atrás, à frente, etc.
Olham à volta como se fossem os maiores, os djs lá do sítio. Aliás, de fonte segura: a maior parte do pessoal entrou no metro só para ouvir aquele pedacinho de playlist. Garantido.

Usar phones é do passado, claro.
Digamos que são o equivalente dos "tijolos" que se transportavam ao ombro nos 80s.

Sou a favor da divulgação de experiências culturais sim, mas epá! há limites!
Obrigadinho mas aqui o "je" prefere o barullho do metro. Digamos que já estou habituado.

O cúmulo do egoísmo. Se todos nós fizéssemos aquilo...

Incompreensível (no metro 1)

A malta que forra os livros que lê no metro com papel de jornal.
É um vírus. E está-se a disseminar. Tenham cuidado.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sem comentários (3)

(Imagem retirada algures da Net)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Como se tornar um folker em 3 tempos

[AVISO: Mais sobre Fleet Foxes.]

Ouvir o cd de estreia de Fleet Foxes 3 vezes, deixar de fazer a barba umas boas 2 semanas, comprar um "violão" daqueles na feira da ladra e uma camisa de flanela aos quadradinhos (não pode ser das parolas que se vendem no Continente...tem de ter no mínimo 10 anos de vida para ter aquele aspecto minimamente russo).

Digamos que estou half way. Falta-me só o último passo.
Senão vejamos: a barba é rápida a crescer, não há problema. O "violão" já o tenho, ainda que nem saiba pegar naquilo (é um projecto de vida ainda). Mas a camisa até sei de quem a possa emprestar-me.
Estou pois oficialmente a centímetros de conectar tudo e tornar-me então um autêntico folker.
Não estranhem que venha a ganhar aquele estúpido "accent" sulista ou lá-o-que-é-aquilo no meu correntíssimo inglês. "Rightaaa"?


Mas que raio, sou só eu que acho esta cena de outro "mundinho"?!?
Será do Outono?
Fleet Foxes - Tiger Mountain Peasant Song
(clicar aqui primeiro para ouvir a dimensão do que falo)

First Aid Kit - Tiger Mountain Peasant Song (Fleet Foxes cover)
(para visualizar bem o aspecto físico da coisa também)

Sem comentários (2)

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo

Não, não se trata de uma alusão ao espírito Para-Olímpico.

É o simples repor da verdade.
De algumas das fotos mais consagradas e incríveis de sempre.
A seguinte e outras mais. A ver. Aqui.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Porque o Outuno não é quando um gajo quiser

É só mesmo quando dá.
E eu até sou daqueles que gosta da coisa. Sócio honorário, quotas em dia e tal.

"A modos que" andava em pulgas para pôr aqui esta músiquinha. Faltava a companhia perfeita: a ameaça de chuva a pairar no ar, aquela dezena e meia de pingos a escorrer teimosamente pela janela, o barulho da água a tecer novos trilhos por aí fora, o primeiro cheiro a terra molhada (senti-o hoje de manhã lá no parque de estacionamento/selva do hospital) e o arrepio inaugural da época fria "pós" longo período estival. De-li-ci-o-so.

A música já a conhecia (algures na Radar, creio) mas a descoberta do videoclip é da inteira responsabilidade da autora do mais recente cantinho da net que visito assiduamente ("tks").
E quanto a Fleet Foxes, diz-se (eu ainda não ouvi o cd todo em condições) menino para estar na fila da frente quando for a entrega dos prémios de 2008.

E não me venham com coisas, porque este video é de uma harmonia extrema.
Tomem lá então e, quando voltarem aqui, espero que já venham com o raio do chocolate quente na mão.

Fleet Foxes - White Winter Hymnal

The wisdom of old

Ela (Dª Ascensão): Doutor, que idade tem?
Eu: Porquê? (sorriso) Que idade é que me dava a Dª Ascensão?
Ela: 22?
Eu: !!! (inevitável sorriso).
Ela: !!! (inevitável sorriso de um velhinha "demenciado-acamazada" (gomer) que é, por assim dizer, o rei dos sorrisos).
Eu: 24, quase a fazer 25.
Ela: Xiii...é muito novinho.

Umas 2h depois:
Ela: o Doutor não é casado pois não?
Eu: !!! (sorriso inevitável outra vez e pensamento interior do género: p*$%&!, o que é que virá aí agora?!)
Eu: Não. não sou.
Ela: Faz muito bem. Não tenha pressas que é o pior erro que pode fazer.
Eu: !

Sexta-feira "baladeira"

Parto de fim-de-semana ao som de Ryan Adams.
(não confundir com o Bryan homónimo)

Aos momentos deliciosamente solitários.


Ryan Adams - When the stars go blue

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Até que a vista nos doa (10)

Audrey Tautou

Desabafo d´aqui 2

6 anos e tal a estudar Medicina e chegar à conclusão que pouco ou nada sei.

Digamos que sou a pulga que vivia em pleno pêlo do elefante e que após um longo treino para o salto final, descobriu o tamanho da coisa que tem à volta. Duppsss...
"O rato pariu a montanha" ou qualquer coisa do género com a palavra "pariu" também à mistura (!).

Ok, se tiver mesmo de ser, venham outros tantos.

Desabafo d´aqui 1

Ai os gomers, os gomers...

(juro que não há santo diazinho que passe nesta última semana que não me venha esta palavra à mente- assim tipo flashes- uma boa meia dúzia de vezes...).
E o inevitável, saber que um dia também poderei lá chegar.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Demais

Só há pouco tempo é que dei uma hipótese aos Contemporâneos da RTP1.

Nunca vi, continuo a não ver (nem sei se ainda dá) nem tanto por falta de tempo mas sim porque os Gato Fedorento- para manter o mito dos Gato Fedorento- têm de ser insubstituíveis (pelo menos durante uns tempos). E por isso mesmo, julgo ser um erro substituir (ainda que não seja esse o objectivo primordial, dizem) os Gato seja por quem for já. Senão vejamos: o João Pinto também não foi substituído pelo Simão no Benfica do dia para a noite. Demorou o seu pedaço.

Por mais brilhante que seja o formato (nem sei se é o caso), a resistência é inevitável. É a doce tragédia que nos corre nas veias (diz quem lá esteve desde tempos remotos). A saudadinha que é lixada. Custa-nos a esquecer seja o que for, sobretudo se foi bom, muito bom. E por isso, andamos a lamentar a falta e a carpir uns 3472456 dias. E pouco ou mais nada fazemos ou vemos entretanto.

Domingo à noite, também não ajuda lá muito. É verdade.
E um ou outro sketch que vi e que não achei fabuloso, estragou tudo. Rótulo instantâneo: bom mas não é fora de série (e nisto tem de ser mesmo fora de série).
A "cena" do humor é talvez essa: tem de nos apanhar no momento exacto x, bater de frente com a nossa disposição sentimental y, contorná-la, "torcê-la e distorcê-la" (assim como quem enxuga uma t-shirt ensopada) e ressuscitar de nós o sorriso interminável acerca do mais estúpido ou mundano dos assuntos z. Para não falar de outras variáveis. Resumindo: uma autêntica ciência, digna de equações de resolver apenas com recurso à calculadora ciéntífica da Texas Instruments, último modelo.
Mas quando resulta parece a "cena" mais simples do mundo.

Pois bem: com isto...bem, com isto, delirei.
Lá está: simples, bem apanhado e "tá lá tudo" (porque até nem há muito para lá estar).
Ao nível do Gato.
Uns bons minutos de riso.

Será que ainda se lembram de um programa que dava na Sic com os jogadores da Selecção e o seu louco dia-a-dia?
Então vejam por amor de Deus isto.
Deixo para mim um dos melhores:

Contemporâneos - Os inacreditáveis (Ricardo Quaresma)


E mais: Cristiano Ronaldo e Ricardo (sim, inclui gozo integral com a voz do pobre coitado).