sábado, 27 de dezembro de 2008

«Penso nos anos como este que não existem para mim»

E na hora da despedida, o balanço. (Eu) balanço. Lugar comum.
Sabem aquela estranha sensação de podermos ter vivido o melhor ano da nossa vida?
Pois então, talvez seja isso (ainda assim, espero eu que não seja).


As descobertas, as existências ainda redomizadas, as experiências em tubo de ensaio. A comiseração do egoísmo, só possível com 24-25 anos. Antropocentrismo, como se o mundo pudesse andar à nossa volta por uns tempos. Quem sabe às vezes tenha de ser mesmo assim. Antes isso que uma vida inteira de engano para nos apercebermos mais tarde do movimento erróneo de tudo.

E a cidade. A cidade que não é de ninguém mas de todos, património comum. A cidade que é sim de quem lhe dá o devido valor, de quem fica e porque não (?) de quem a ela volta.

Os Dr. que ainda mal o são, de aspecto imberbe e de dúvidas patentes no tremelique das vozes, no nistagmo nervoso do olhar. Os medos. Os bips, os plocks, os sons esquisitos, mais os alarmes e traçados ECG dos monitores (que houve alturas em que me apeteceu mandar tudo para o caraças!!!). As poucas certezas que se vão ganhando progressivamente. Mais os tiques, os maneirismos.

As macas empoleiradas, as noites de banco sem dormir, os cafés às 4 da manhã (quase que vale a pena ficar acordado para os saborear), os "ais" e o "uis" dos mais variados timbres e tons. As piadas sobre a vida e a morte, elogio último da primeira.

Os novos amigos, os companheiros (de casa e já de sempre- obrigado, das salas de trabalho, de turno de banco, de almoço, de cacifo). Os novos fascínios, as novas admirações. "Ele é sempre assim", dizem. Os novos mestres. Os que por mais que "tentassem", nunca o chegariam a ser. E os que, às vezes por 5 minutos apenas, se tornaram em tal para sempre.
Isto tudo e mais os doentes (os verdadeiramente doentes), ali e em qualquer outra parte, ainda a razão primordial.


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