quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cinema por casa (ou melhor...em viagem)

My Blueberry Nights, Kar Wai Wong (2007)


Um filme que todo em si é um álbum de fotografias em movimento. Único.

Nem são precisas muitas palavras quando as histórias são as que se confundem com a vida de qualquer um de nós. De amores, desamores, ódios, indiferenças, fugas, amizades e aprendizagens.
Filmadas de uma forma especial, capazes de nos fazer emoldurar e pendurar algures cá dentro a maioria das cenas.

Os míticos bares nocturnos, eternizados nos filmes, em cujos balcões se afogam mágoas de vida. As típicas "lanchonetes" americanas com os seus burguers, fries e ketchup.
As luzes de néon, expoentes máximos dos bambaleantes sentimentos citadinos.
Os jogos de filmagens através dos vidros...esplêndidos.
Aqueles shots de gelado a escorregar vagarosa e graciosamente sobre a tarte que abrem o apetite a qualquer um.
Quanto ao mirtilo, continuo um pouco céptico- quiçá ignorante (a tradução à letra do título original dará pois algo como: "As minhas noites de mirtilo"). Ao que parece, o título em português do Brasil foi "Um beijo roubado" (em Porugal tudo indica que será "O sabor do amor", o que em si levará a maioria das pessoas a crer que se trata de mais uma daquelas comédias românticas de Sábado à tarde). Sem dúvida, uma vez mais, e a provar que há coisas que não podem ser traduzidas, o original leva a melhor. O título "My Blueberry Nights" é tão doce quanto poético, faz cócegas no céu da boca e dá vontade de apreciar uma boa tarte imiscuída de uma daquelas bolas de gelado, who knows acompanhado por alguém tão gracioso quanto o é Norah Jones. Se bem que, back to reality, "nem sempre uma companhia dessas se encontra do lado de lá da rua". Quase nunca, diria. Disso tenho eu certeza. E bem que olhei pela janela (por via das dúvidas...) enquanto escrevia este post.
Uma ou outra metáfora muito bem conseguida. Outras um pouco forçadas, no entanto, originais.
E claro...o beijo final. É pura poesia.


E uma banda sonora daqui...
(...para que se perceba: ao escrever isto, tenho o polegar e o indicador da mão direita a puxar com veemência o lóbulo da orelha direita, enquanto faço com a boca um ruído esquisito...visualizem a coisa...)

Foi assim.
Na impossibilidade de ir amanhã à abertura do Indie Lisboa, a abertura do Indie veio até mim em plena viagem Lisboa-Coimbra de Intercidades (sessão das 21.30, previamente agendada por moi). Tudo isto em "My Blueberry nights", o filme de Kar Wai Wong, que conta, entre outros, com Jude Law, Rachel Weisz, Natalie Portman (God Damn! uma vez mais a espalhar magia em mais um papel), Norah Jones (a interpretação não é por aí além, sendo notória alguma falta de treino, mas vale muito pela delicadeza, suavidade daquela sua imagem e aquela voz doce- balanço final: uma estreia agradável apesar de tudo, mas eu...sou suspeito...) e Cat Power.


A casa recomenda.

Cat Power - The Greatest

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