Era dos primeiros (senão mesmo o primeiro a sério, depois do adiar polémico) dia da Feira do Livro (78ª, ao que parece). Ainda se desfaziam as primeiras embalagens do dia e víamos-nos obrigados a contornar alguns caixotes de cartão, repletos de livros no interior. E o cheiro dos livros (sim, os livros têm cheiro e não me venham com histórias de delírios sensoriais...). Um cheiro que pairando no ar livre tem outro gosto. Se tem. E naquele serpentear barracas fora, não consegui travar memórias (já longínquas quando enquadradas na minha vintena e uns trocos mais de existência) dessas mesmas barraquinhas plantadas à beira rio, na outrora efeméride que era também a Feira do Livro de Coimbra, em pleno Parque da Cidade. Tinha outro gosto, se tinha, aquelas barraquinhas (curioso- disseste-me tu isto noutro dia também, não foi?). Hoje, tão "sem-saborona", entediosa. Uma tristeza.
Aqui por Lisboa, ainda se lhe guarda um pouco desse encanto (te garanto), quiçá feito segredo nessa disposição geométrica das barraquinhas, no local (não sei ao certo mais em quê mas aquelas esplanadas para o café também têm o seu quê). Ainda que já não seja a mesma também, disse-me quem por cá anda há algum.
Sinais dos tempos, das Fnacs, das livrarias sem fim, megastores de livros, cds e dvds tornadas feiras "fabulásticas" todos os dias (das quais também eu sou imenso apreciador e assíduo frequentador). Mas admito que em nada, mas mesmo em nada, o conforto da oferta constante, supera a satisfação da procura desenfreada, satisfeita então apenas numa dezena de dias do ano. Com todo aquele enquadramento, capaz de me levar a outros sítios, uns bons anos atrás. É, no mínimo dos mínimos, mesmo nos dias que correm, uma iniciativa que urge em revitalizar, por ser tão só (e pelo menos), a mais agradável e saudável de todas, no que diz respeito ao incentivo da leitura entre nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário