O poeta vivia sozinho numa cabana de duas divisões à beira do rio, num lugar isolado coberto de damasqueiros. Tinha sido professor de literatura em Buenos Aires. Viera à Patagónia quarenta anos atrás e tinha ficado.
Bati à porta, e ele acordou. Caía uma chuva miudinha, e, enquanto ele se vestia, abriguei-me debaixo do alpendre e fiquei a admirar a sua colónia de sapos de estimação.
Os seus dedos apertaram-me o braço e fixou-me com um olhar intenso e luminoso.
- Patagónia! - exclamou. - É uma amante possessiva. Enfeitiça. Uma autêntica sedutora. Envolve-nos nos seus braços e nunca mais nos deixa partir.
A chuva tamborilava no telhado de lata. Durante as duas horas que se seguiram, ele foi a minha Patagónia.
Na Patagónia, Bruce Chatwin
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