quinta-feira, 31 de julho de 2008

É...

...hoje deu-me para ser repetitivo. Mais que o habitual.
Apostar na "prata da casa", nos "mais batidinhos". "Jogo seguro", "passe curto", que é altura de descanso. E por falar nisso, parece que amanhã joga o Benfica (ainda a "feijones") e a coisa ainda não está lá grande coisa -que é como quem diz simpaticamente- ainda não está nada.

Eis que senão: a menina Feist. Again. And again.
O passo seguinte é o play. (Força! Não sejam tímidos!)

"Óhhh!Daqui!!!"
(enquanto faço aquele gesto de bater 3 vezes com a mão direita no pré-córdio.
Ou não fosse a menina dizer que tem um "Secret heart".)


Leslie Feist - Secret Heart


- A. L. A. -

O mesmo de sempre.
Lobo Antunes, e de novo a sua crónica na Visão.
Juro que um dia, em eu pegando "numó-nôtra" que guardo com mais carinho, ainda as mando encaixilhar.


As mulheres têm fios desligados

Há uns tempos a Joana
- Pai, acabei um namoro à homem
perguntei como era acabar um namoro à homem e vai a miúda
- Disse-lhe o problema não está em ti está em mim
o que me fez pensar como as mulheres são corajosas e os homens cobardes. Em primeiro lugar só terminam uma relação quando têm outra. Em segundo lugar são incapazes de
- Já não gosto de ti
de
- Não quero mais
chegam cm discursos vagos, circulares
- Preciso de tempo para pensar
- Não é que não te amo, amo-te, mas tenho de ficar sozinho umas semanas
ou declarações no género de
- Tu mereces melhor do que eu
- Estive a reflectir e acho que não te faço feliz
- Necessito de um mês de solidão para sentir a tua falta
e aos amigos
- Dá-me os parabéns que lá me consegui livrar da chata
- Custou mas foi
- Amandei-lhe aquelas lérias do costume e a gaja engoliu
- Chora um dia ou dois e passa-lhe
e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar
(chichi, sede, fome, a janela de se esqueceram de baixar o estore)
ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarrados à gente, no ronhonhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? Lembro-me de um sujeito que explicava
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é pensar que durante uma semana estou safo
e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las. O Dinis Machado contava-me de um conhecedor que lhe aclarava as ideias
- As mulheres têm fios desligados
e um outro elucidou-me que eram como os telefones: avariam-se sem que se entenda a razão, emudecem, não funcionam e o remédio é bater com o aparelho na mesa para que comecem a trabalhar outra vez. Meu Deus, que pena me dão as mulheres. Se informam
- Já não gosto de ti
se informam
- Não quero mais
aí estão eles a alterarem a agressividade com a súplica, ora violentos ora infantis, a fazerem esperas, a chorarem nos SMS a levantarem a mãozinha e, no instante seguinte, a ameaçarem matar-se, a perseguirem, a insistirem, a fazerem figuras tristes, a escreverem cartas lamentosas e ameaçadoras, a entrarem pelo emprego dentro, a pegarem no braço, a sacudirem, a mandarem flores eles que nunca mandavam flores, a colocarem-se de plantão à porta dado que aquela puta há-de ter outro gaja e vai pagá-las, dispostos apartes-gagas, cenas ridículas, gritos. A miséria da maior parte dos casais, elas a sonharem com o Zorro, Che Guevara ou eu, e eles a sonharem com o decote da vizinha de baixo, de maneira que ao irem para a cama são quatro: os dois que lá se deitam e os outros dois com quem sonham. Sinceramente as minhas filhas preocupam-me: receio que lhes caia na sorte um caramelo que passe à frente delas nas portas, não lhes abra o carro, desapareça logo a seguir por chichi-sede-fome-persiana-mal-descida-e-os-ladrões-percebes, não se levante quando entram, comece a comer primeiro e um belo dia
(para citar noventa por cento dos escritores portugueses)
- o problema não está em ti, está em mim
a mexerem na faca à mesa ou a atormentarem a argola do guardanapo, cobardes como sempre. Não tenho nada contra os homens: até gosto de alguns. Dos meus amigos. De Schubert. De Ovídio. De Horácio, de Virgílio, de Velásquez. De Rui Costa. De Einzenberger. Razoável, a minha colecção. Não tenho nada contra os homens a não ser no que se refere às mulheres. E não me excluo: fui cobarde, idiota, desonesto.
Fui
(espero que não muitas vezes)
rasca. Volta e meia surge-me na cabeça uma frase de Conrad em que ele comenta que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. A partir de certa altura deixa de se jogar às cartas connosco mesmos e de fazer batota com os outros. O problema não esta em ti, está em mim, que extraordinária treta. Como os elogios que vêm logo depois: és inteligente, és sensível, és boa, és generosa, oxalá encontres etc., que mulher não ouviu bugigangas destas? Uma amiga contou-me que o marido iniciou o discurso habitual
- Mereces melhor que eu
levou como resposta
Pois mereço. Rua.
Enfim, mais ou menos isto e, estou a ver a cara dele à banda. Nem uma lágrima para amostra. Rua. A mesma lágrima para amostra. Rua. A mesma amiga para uma amiga sua
- O que faço às cartas de amor que me escreveu?
e a amiga sua
- Manda-lhes. Pode ser que façam falta. Fazem de certeza: é só copiar mudando o nome. Perguntei à minha amiga
- E depois de ele se ir embora?
- Depois chorei um bocado e passou-me. Ontem jantámos juntos. Fumámos um cigarro no automóvel dela, fui para casa e comecei a escrever isto. Palavra de honra que na janela uma árvore a sorrir-me. Podem não acreditar mas a uma árvore a sorrir-me.

(KO)isas sem sentido (5)

Os pré-requisitos para ser revisor da CP. Quais são mesmo?
(É daquelas coisas que sempre, mas mesmo sempre, me fez confusão.)

"Simples" memória visual?
Pastilhas efervescentes de Gingko para a memória? Não creio.
Ainda não percebi como se consegue "passar a pente fino" um comboio de uma ponta a outra, sem hesitar.
Ou não fosse rara a vez que vejo o tipo a pedir 2 vezes à mesma pessoa pelo bilhete.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Snapshots

Foz do Arelho.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Até que a vista nos doa (9)

Diane Fleri

(Na sequência lógica de quem seguiu o conselho do post anterior.)

Cinema fora de casa

Mio fratello è figlio unico (porque em italiano soa sempre melhor...)
O meu irmão é filho único
Daniele Luchetti (2007)


"Fazei" um favor a "vós" próprios e "ide" ver este fantástico filme.
A casa não só aconselha, como vai com toda a certeza adquirir o distinto dvd aquando do seu lançamento.

A labilidade e fragilidade dos ideais a contrastar com a constância dos princípios.
O direito constante à indignação.
E a possibilidade de, tal como na vida, as coisas nem sempre correrem como docemente imaginamos.

domingo, 20 de julho de 2008

In my secret life, Mr. Cohen


Passeio Marítimo de Algés, 19/07/08.

Tenho a vaga lembrança de tempos em que até nem gostava lá muito de Leonard Cohen.
Parece que até me lembro de outros em que já gostava um pouco mais de Cohen (em parte graças à música de Jeff Buckley).
Lembro-me bem de não há muito tempo ter começado a gostar assim desenfreadamente de Leonard Cohen (em si única e exclusivamente pelo próprio). Se lembro.
Mas sei que hei de sempre lembrar-me que o vi ontem em Algés.


É que tem os dias em que penso que o verdadeiro segredo da vida talvez esteja mesmo algures no imperceptível continuum que vai do crescimento atribulado da juventude ao envelhecer harmonioso da idade (the wisdom of old). Tudo em seu tempo, tudo com os seus desafios e oportunidades. Sem pressas, sem demoras.

...e é ver que tão ou mais genial do um miúdo a brincar ao "e agora eu era o presidente cá do sítio e mandava nisto tudo e fazia o que bem entendia"...é um tipo de 70 anos, ao seu ritmo e à sua maneira, com o que resta das suas faculdades e consciente das suas inevitáveis limitações (mas na posse das suas sabedorias de vida), a divertir-se e a fascinar outros.



Leonard Cohen - In my secret life

I saw you this morning.
You were moving so fast.
Can't seem to loosen my grip
On the past.
And I miss you so much
There's no one in sight.
And we're still making love
In my secret life...

I smile when I'm angry.
I cheat and I lie.
I do what I have to do
To get by.
But I know what is wrong.
And I know what is right.
And I'd die for the truth
In my secret life...

Hold on, hold on, my brother.
My sister, hold on tight.
I finally got my orders.
I'll be marching through the morning,
Marching through the night,
Moving cross the borders
Of my secret life...

Looked through the paper.
Makes you want to cry.
Nobody cares if the people
Live or die.
And the dealer wants you thinking
That it's either black or white.
Thank God it's not that simple
In my secret life...

I bite my lip.
I buy what I'm told:
From the latest hit,
To the wisdom of old.
But I'm always alone.
And my heart is like ice.
And it's crowded and cold
In my secret life...

(KO)isas (com) sentido (5)

Há uns dias passei por um café de bairro que se chamava: "A Vida".

Aposto que se vende muito mais do que uma simples bica e pastel de nata.

Cinema fora de casa

Com não sei quantos meses de atraso, eu sei.
Mas vi.
E sim: o preto e branco fica do caraças e o tipo que faz de Ian Curtis faz grande papel sim senhor.

sábado, 19 de julho de 2008

(KO)isas sem sentido (5)

Ficar sem pc uma semana. É, por assim dizer, o pseudo-acidente vascular transitório (AIT) do novo século. O ridículo da dependência a que chegámos.

Cheguei a pensar o que deve custar a dependência da nicotina. Felizmente que a web não provoca cancro do pulmão ainda, caso contrário, pensaria mesmo em matar o bicho de vez.
Pior ainda: a factura que paguei pelos "trombolíticos" para pôr as "veias de comunicação" do menino limpinhas again (ainda por cima num "boteco" em plena grande superfície comercial de seu nome- aqui é que está a graça da coisa- Pc Clinic).

O diagnóstico: totalmente "entupido", ou não fossem os 28 vírus e não sei quantos spywares. Sempre achei ridícula a cena dos vírus (do velhinho e mítico barrotes- terror da minha adolescência, dos cavalos de tróia, trojans e não-sei-mais-quê...ao menos que lhes dessem nomes que realmente mete medo. Por exemplo, varíola mete medo, HIV também e são nomes de vírus. Isso sim).
Agora que me tocou bem de perto (e que bem tocou...acho que me acertou na carteira), então nem falo do quanto os acho ridículos mesmo. Talvez a informática fosse mesmo perfeita se não existissem estas tretas que minassem o pc volta e meia (ainda estou para conhecer o indivíduo que, em usando minimamente a web, não tenha de formatar o seu disco no mínimo de 4 em 4 anos).
Desta feita, foi eu o contemplado. Bingo!!!
(Será que se ganha mais alguma coisa pela linha completa?).


Obrigadinho, spams, spies e não-sei-quê-mais wares. Pelo menos, permitiram-me ver que ainda há mesmo vida além daquela 1h30-2h de net por dia (no mínimo). Sempre deu para redescobrir outras coisas que fazer.

E no final, trazer o convalescente para casa (cuidadinho com ele que a terapêutica foi muiiii cara e esteve mesmo mais para lá do que para cá), ligar a net e abrir sequiosamente a caixa de e-mail, apesar de 75% das novas serem spam. O mesmo que lixou tudo. De novo: ridículo. Como se muito coisa se tivesse passado (e que a falta de internet não me permitisse tomar conhecimento) durante o período da escuridão.


E o pior de tudo: no pacote de limpeza, a assinatura de um antí-virus de seu nome Kasparov, Kasposvsky ou lá o que é (Kaspersky, agora que vejo aqui ao lado). Não é que não meta medo a ninguém, mas lá que não inspira muita confiança, lá isso não.

Onde vamos nós parar?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Vícios da urbe

Decidi começar esta colecção
(vá, em boa verdade, há muito que já a namorava).
Não que me preocupe a inevitabilidade da morte patente no título, mas sim a ideia de lá chegar sem a devida embalagem ou mesmo com um rótulo de "frágil".
É, por assim dizer, a "menina dos meus olhos" por estes dias e das estantes que orgulhosamente edifico.
Estes 2 (por 20€ cada) já cá moram:


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Até que a vista nos doa (8)/Cenas que perduram (3)

Porque das loiras há sempre uma excepção.

Kirsten Dunst, Marie Antoinette, Sofia Coppola (2006)

E a inevitável banda sonora. The Strokes.
Como se fosse preciso dizer mais alguma coisa.

E podia eu pedir melhor guia?


Fernando Pessoa, ele mesmo.

E assim prossigo a minha descoberta da cidade. Da Lisboa de 1925 em pleno ano de 2008. Da Lisboa de sempre. Pelas palavras do poeta. Divinal. Tou assim como quem diz: rendido a esta relíquia.
Por 9,33€ na Byblos Amoreiras. É meu e não dou a ninguém.